Que o estudo de viabilidade econômica interfere nos projetos e negócios todos nos já sabemos. Tem até um artigo aqui no blog onde eu abordo os principais indicadores para analisar a “Viabilidade Econômica de Projetos”, que são o VPL ou Valor Presente Líquido, TIR ou Taxa Interna de Retorno, Payback ou período de retorno do capital e ROI ou Retorno sobre o Investimento. Todos explicados pela matemática financeira.
Todo projeto é na verdade um empreendimento que requer um esforço para ser executado, normalmente medido em recursos financeiros. É um investimento que visa custear as pessoas, máquinas, equipamentos e materiais, necessários para a execução do projeto. Por outro lado, também por ser um empreendimento, todo projeto busca um retorno que são benefícios gerados após a execução. Esses benefícios futuros podem ser diretos ou indiretos, tangíveis ou intangíveis, mas precisam de algum modo ser mensurados e comparados com o investimento inicial. Isso se dá porque o dinheiro tem um valor diferente no tempo. O dinheiro disponível hoje utilizado para executar o projeto poderia ser aplicado para gerar mais dinheiro no futuro. Além disso ganhos futuros são incertos e, portanto, possuem risco.
A maneira correta para calcular um projeto é utilizando a matemática financeira em um estudo de viabilidade. Assim, é possível avaliar se o retorno futuro é maior que o investimento inicial, levado em conta o valor do dinheiro no tempo.
As mesmas técnicas utilizadas no estudo de viabilidade dos projetos podem, e devem, ser aplicadas também nos investimentos pessoais. Comprar uma casa, fazer um curso, trocar de carro ou mesmo simplesmente substituir a geladeira são exemplos de projetos pessoais. Todos eles podem ter a viabilidade testada pelo cálculo dos indicadores econômicos, para determinar se valem a pena ou não. Os indicadores também podem auxiliar na escolha entre diferentes opções, quando o dinheiro disponível é restrito, e quase sempre é.
Um bom exemplo aconteceu comigo, quando decidi trocar um velho aquecedor de água a gás em meu apartamento. Na época a conta mensal com a fornecedora de gás encanado era alta porque meu aquecedor antigo era pouco eficiente. Seu sistema ultrapassado gerava muito desperdício no aquecimento e armazenamento da água em um enorme tubo de inox. A água aquecida não utilizada acabava esfriando e era reaquecida constantemente até que fosse aproveitada em um banho. Embora ele produzisse água bem quente e em abundância, eu estava insatisfeito com o resultado econômico. Então, fiz um levantamento de preço e instalação de um aquecedor novo com características que dessem no mínimo o mesmo conforto que o aquecedor antigo.
A remoção do aquecedor antigo, o preço do novo aquecedor, mais o custo para a instalação representaram meu investimento inicial.
As características técnicas do novo aquecedor informavam o consumo de gás nas diferentes temperaturas, conforme a época do ano. Com isso pude calcular quanto eu economizaria por mês, para a mesma estimativa de água quente historicamente utilizada. Essa economia mensal representava o benefício gerado com a troca do aquecedor. Assim, através de um cálculo de payback pude avaliar em quanto tempo eu recuperaria meu investimento inicial. Também pude perceber qual seria meu lucro em um ano, com o novo valor da conta de gás. Pronto, informações mais do que suficiente para decidir pela troca URGENTE do antigo aquecedor, que acabou virando peça de museu.
Esse pensamento econômico buscando avaliar a viabilidade dos investimentos deve fazer parte de nossa vida, para melhor aproveitar os recursos escassos. Isso vale tanto para abrir um novo negócio quanto para comprar um eletrodoméstico.
A compra da casa própria pode ser encarada também como um empreendimento. Assim, esse investimento pode ser justificado, por exemplo, pelo valor do aluguel que se deixa de pagar durante anos.
Um curso de especialização também possui viabilidade, na medida que o investimento possa ser pago por um possível aumento salarial.
Mesmo a troca de um carro já bem usado por um mais novo pode ser interessante economicamente. Nesse caso, como investimento, é preciso somar a diferença de preço e custos adicionais com o carro novo. Do lado do retorno, é preciso levar em consideração toda a economia com a manutenção do carro antigo.
Até a compra de uma geladeira nova pode apresentar um bom retorno em um estudo de viabilidade, caso a geladeira antiga consuma muita energia.
O importante é saber os conceitos básicos da matemática financeira para saber levantar as informações e calcular os indicadores. Assim é possível fazer uma análise mais apurada e tomar uma decisão mais acertada.
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Não podemos nos dar ao luxo de cair em armadilhas que “roubem” o nosso rico e suado dinheirinho em taxas de juros exorbitantes. Também não podemos agir por impulso em compras desnecessárias e mal avaliadas. É preciso calcular corretamente cada investimento que fazemos para não nos arrependermos depois.
Uma das armadilhas mais comuns que vejo frequentemente em propagandas e promoções é a famosa taxa zero de juros. É comum encontrarmos anúncios do tipo “Compre tal coisa em 24 vezes sem juros”, mas quando você conversa com o vendedor descobre que se pagar a vista tem desconto. Oras, então o que é esse desconto senão uma taxa de juros disfarçada? Não há milagre pois o dinheiro tem um custo no tempo. O dinheiro que o vendedor está deixando de receber a vista poderia ser colocado em uma aplicação financeira e render juros. Então por que você acha que ele iria simplesmente perder dinheiro com você. Aprenda a calcular quanto esse desconto a vista representa de juros em sua compra. Use essa informação para decidir se compra a visa ou a prazo, ou se pode adiar ou mesmo desistir de sua compra.
Outra armadilha que vejo com frequência não diz respeito a ocultar uma taxa de juros na forma de desconto, mas sim atrás de uma “prestação baixinha que cabe no seu bolso”. Já ouviu isso?
Pois é, o efeito do tempo em um financiamento ou dívida é devastador, mesmo com uma taxa de juros moderada. Um financiamento longo pode parecer inofensivo quando se observa apenas o valor da prestação, comparada ao salário ou outra fonte de renda. Mas quando se faz as contas é possível notar o quanto se está pagando a mais. Há casos que um determinado bem simplesmente mais do que dobra de valor ao final das parcelas.
Em um artigo recente eu afirmei que a inovação tecnológica e a revolução 4.0 estão provocando alto índice de desemprego. As organizações contratarão cada vez menos profissionais, que deverão ser muito mais qualificados para as novas necessidades.
Como disse anteriormente, até um curso que possa qualificar para o novo ambiente de trabalho pode apresentar viabilidade econômica. Considerando que um bom curso pode representar a diferença entre se manter ou não empregado, pode ser um bom investimento.
Encare seus desejos e necessidades como uma empresa faz, definindo estrategicamente os investimentos. Defina seu portfólio de projetos pessoais considerando as possibilidades avaliadas em um estudo de viabilidade econômica e ponderando outras questões importantes pra você. Equilibre seu portfólio entre o que você precisa fazer, mas não deixe de incluir também aquilo que você deseja fazer. Não se esqueça que viagens e lazer também podem trazer benefícios intangíveis importantes. Depois escolha os melhores projetos que seus recursos permitirem, faça um bom planejamento e execute com qualidade. Os resultados virão.
Você tem pensado estrategicamente, avaliando seus investimentos em um estudo de viabilidade, para não cair nas armadilhas das propagandas enganosas?
Está diversificando seu portfólio, garantido lazer e diversão, mas também bons cursos para se manter e progredir na sua profissão?
Deixe seu comentário e compartilhe o que você tem feito para aproveitar melhor seus investimentos.
Bons Projetos e bons negócio!
1 Comentário
Gostei da explanação sobre o tema. Agrega muito sobre quem está estudando na área, trazendo conhecimento.