Internet das coisas ou das pessoas?

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Olá! Hoje quero trazer para nossa discussão um assunto que vem se tornando cada vez mais presente, que é a Internet das Coisas ou IoT, da sigla do termo em inglês, Internet of Things.

Esse tema vem sendo abordado de várias formas e por diferentes pontos de vista, mas nesse artigo eu gostaria de compartilhar a minha impressão, que gira em torno de como a internet e os equipamentos conectados a ela modificam (não necessariamente para melhor) a vida das pessoas.

Segundo fontes diversas consultadas na própria rede, a internet das coisas é o estágio tecnológico no qual aparelhos eletrônicos como eletrodomésticos, máquinas industriais ou sistemas de transporte, utilizados no nosso cotidiano em diferentes situações, tanto para uso pessoal quanto profissional, tornam-se uma extensão da própria internet, conectados a ela e interagindo de forma a facilitar o dia a dia, o trabalho, os deslocamentos e tantas outras atividades. O desenvolvimento desse novo conceito não tem limites em nossa imaginação, dependendo basicamente de inovações em campos que vão desde sensores sem fio à nanotecnologia.

 O termo Internet das Coisa, embora muito recente, deriva de conceitos parecidos que foram aplicados no passado, como a Eletricidade das Coisas, utilizado para salientar a quantidade de energia elétrica presente em quase tudo, levando em consideração todo o processo produtivo e de distribuição. Mais recentemente, devido a crise hídrica que afetou o Brasil, mais fortemente nas regiões sul e sudeste, falou-se muito também da Água das Coisas, que teve por objetivo conscientizar a população para o uso correto desse recurso e apresentou algumas estimativas assustadoras quanto à quantidade de água envolvida, por exemplo, na produção de 1 quilo de carne e de outros alimentos.

No caso da Internet das Coisas, o conceito é um pouco diferente. Não se trata apenas do quanto a internet está presente em algumas coisas, pois isso já é um fato há muito tempo, mas sim da conexão de outros itens que fazem parte do nosso cotidiano, e que agora ganham uma nova dimensão ao serem conectados também à internet. Nesse contexto entram equipamentos como cafeteiras, geladeiras, máquina de lavar roupas ou pratos, fornos ou fogões, janelas, persianas ou cortinas, luzes, portas, televisores, roupas, sapatos e até remédios. Basicamente qualquer coisa que possa embarcar alguma tecnologia de conexão entra nesse contexto.

Do ponto de vista dos projetos ou empreendimentos, trata-se de uma grande oportunidade, tanto para startups e novas empresas, quanto para outras tantas já consolidadas e que buscarão também a sua participação nesse novo mercado.

Segundo o pesquisador Mark Weiser (1952-1999), as tecnologias mais importantes são aquelas que desaparecem, integrando-se à vida no dia a dia. E assim vem acontecendo. Relógios conectados já podem monitorar o seu usuário e aplicar automaticamente medicamentos quando necessário e avisar o médico sobre alguma situação atípica, veículos já são abertos e acionados pela simples aproximação de seu proprietário enviando um aviso caso haja algum acesso não autorizado, mamadeiras medem a temperatura do bebê e avisam os pais que podem estar em qualquer lugar, geladeiras e armários detectam o consumo de mantimentos avisando os responsáveis ou mesmo disparando automaticamente uma compra pela internet. Ou seja, tudo isso incorporado à nossa rotina, de forma imperceptível, mas causando rapidamente uma alta dependência pelo conforto e comodidade que essa nova realidade nos trás. Mas ainda sob a ótica da integração da tecnologia de forma imperceptível à vida cotidiana, lembro das “coisas” vestíveis que estão se conectando à internet. Citei o exemplo dos relógios, mas tem também os óculos, que podem exibir mapas, orientações, recados e outras informações para o seu usuário, roupas que podem mudar de cor de acordo com a temperatura ambiente ou humor de quem a estiver usando, ou mesmo acompanhar seus sinais vitais, calçados inteligentes que se adaptam à variadas situações, cintos que avisam que você deve parar de comer a enviam os dados de sua alimentação para uma central de acompanhamento de sua saúde. Todos esses são exemplos de itens que já utilizamos frequentemente e que ganharão vida ao se tornarem equipamentos conectados à internet.

Estive recentemente em um evento sobre gestão de projetos para o setor automotivo e me espantei em certo momento, pois mais parecia um simpósio de tecnologia. Não se falava mais em carros, mas em conectividade, em soluções de mobilidade e em como a carros conectados vão alterar nossa relação com o transporte individual em poucos anos. A conclusão que cheguei foi que em breve abandonaremos o velho conceito do carro próprio, para embarcarmos em um novo modelo de transportes compartilhados, trazendo para a mobilidade urbana o conceito de multimodal, envolvendo carros, miniveículos, ônibus, trens, metrô etc. tudo interligado pela internet e sincronizado, para que o transporte apesar de ser coletivo ou de uso comum, seja confortável e ágil. As indústrias automotivas que já foram fabricantes e passaram a ser montadoras, agora irão se tornar prestadoras de serviço para esse novo modelo de mobilidade.

Noutro dia estava indo para o aeroporto e o taxista estava reclamando que por conta do UBER as corridas tinham diminuído muito, que era injusto, que isso, que aquilo…. Num dado momento ele disse que continuando assim a profissão dele terminaria. Eu respondi que sim, terminaria em breve, mas não da forma que ele estava imaginando, por uma simples concorrência com outro meio de locomoção. Ele estranhou, mas agora já deve ter compreendido o que eu quis dizer. O próprio UBER anunciou uma parceria com o VOLVO para um projeto de carro autônomo, sem motorista. A Google também já vem fazendo testes nesse sentido. Portanto, perderemos sim postos de trabalho para a tecnologia, mas ganharemos em outros setores. O fato é que os resultados desses projetos virão contribuir para o transporte, tornando a posse de veículos individuais totalmente desnecessária, com os veículos sem motorista conectados a todo um sistema de transporte e sob demanda dos usuários. Fantástico não? Eu disse que não tinha limites e mesmo na imaginação fértil dos escritores de ficção esse futuro parecia sempre muito distante.

Com todos esses exemplos, mesmo que a internet esteja sendo levadas às coisas, estas estão conectadas a nós, as pessoas pelas quais essas coisas passarão a prover serviços e funcionalidades. Nesse sentido podemos então falar da Internet das Pessoas ou IoP, sigla do que seria o termo em inglês Internet of People. Penso que assim poderemos compreender melhor essa evolução e aproveitar seus desdobramentos em um número cada vez maior de equipamentos conectados à nossa disposição. É claro que isso carrega um outro lado também, que é a nossa exposição. Esses equipamentos conectados serão extensões nossas, disponibilizando na internet nosso comportamento, consumo, hábitos, locomoção, localização e tantas outras informações. Acho que nem George Orwell no seu livro 1984 previu tanta possibilidade de monitoramento. Será que é esse o preço que devemos pagar? Penso que devemos evoluir também nas questões legais e de segurança, para que os benefícios sejam sempre muito maiores do que qualquer malefício decorrente dessa conectividade. Mas o mais importante diz respeito a nosso comportamento. No que nos transformaremos? Einstein disse uma vez que a tecnologia nos transformaria em imbecis. É com isso que temos que nos preocupar, em como manter saudáveis os nossos relacionamentos interpessoais, ampliando cada vez mais nossa conexão com as “coisas” sem, no entanto, nos distanciarmos das pessoas.

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Bons Projetos!

Paulo Mei

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