Ser puro não significa necessariamente ser melhor!

Imagem de um diamante
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Na natureza, muitas coisas são consideradas boas por serem puras, e por isso adquirem um valor ainda maior. Assim é o caso de minerais como ouro e o diamante, ou de alimentos como o mel, produzido pelas abelhas. Mas isso nem sempre é uma verdade. Há inúmeras situações em que ser puro não significa necessariamente ser melhor.

Desde Mendel (1822 a 1884) em sua famosa experiência com ervilhas, o fato de um indivíduo, seja humano, animal ou vegetal, ser puro ou híbrido passou a ser uma questão de composição de genes. Embora em sua teoria esteja prevista a influencia de fatores externos, os Fenótipos ou as características dos seres são principalmente determinadas pelos genes, que caracterizam as semelhanças hereditárias e os cruzamentos entre espécies ou raças.

Mas do ponto de vista sociológico, todos nos somos resultado da mistura. Não apenas de raças, mas de culturas, hábitos e outras fortes influências externas. E de fato é isso que nos torna interessantes. Não somos padronizados e ainda possuímos a habilidade de nos adaptarmos ao meio a que somos expostos. Isso não significa que não temos caráter ou personalidade, mas sim que somos flexíveis. Com isso conseguimos agregar nossas colaborações sem provocar necessariamente reações adversas.

Somos resultado da mistura de raças, culturas, hábitos e outras influências externas

Também em outras áreas a mistura é bem-vinda e muitas vezes necessária. É o caso do desenvolvimento de perfumes que através de composições precisas consegue juntar fatores diferentes e as vezes até conflitantes em uma mistura elaborada e sofisticada, apreciada pelos especialistas e valorizada pelos consumidores.

Frascos de Perfume

As misturas são composições formadas por duas ou mais substâncias. Podem ser classificadas como homogêneas ou heterogêneas, e o que as distingue é o fato de serem ou não perceptíveis. As misturas homogêneas são aquelas em que não se consegue perceber a diferença entre as substâncias que a compõe. Isso acontece porque as substâncias se dissolvem e se tornam, na verdade, uma solução. Um exemplo é um copo de água com açúcar, que é uma mistura homogênea líquida. Diferentemente da mistura da água com óleo que é uma mistura heterogênea líquida, pois os elementos são percebidos separadamente.

Ser puro não significa necessariamente ser melhor!

Mas o exemplo que eu mais gosto, e não tenho medo nem vergonha de confessar, é o caso do Whisky. Uma das mais famosas destilarias escocesas, a Johnnie Walker começou sua história em 1819 com o falecimento do pai de John Walker. Nesse ano a fazenda da família foi vendida e o dinheiro foi utilizado para John Walker estabelecer, junto com seu irmão, uma mercearia na próspera cidade de Kilmarnock. Dois produtos vendidos nesse comércio seriam determinantes para a bebida que conhecemos hoje. O primeiro, uma bebida alcoólica de má qualidade, oleosa, pesada e difícil de engolir. O segundo era o chá que tornou a mercearia próspera e famosa, pois o proprietário possuía uma habilidade incomum para misturar os diferentes sabores para compor verdadeiras maravilhas.

Garrafas de Whyskey

Nessa época, a maioria dos negociantes estocavam e vendiam maltes únicos. Exageros e falta de critério nas misturas tornaram essa prática proibida até então. John foi um dos primeiros a perceber que, dependendo do produto em si, do tipo de barril que usava e do tempo de armazenamento, a bebida ficava mais suave e agradável. Assim, com sua prática na precisa mistura de chás, conseguiu combinar uísques de forma decente, criando o blend (“mistura”) Walker’s Kilmarnock Whisky, destinado a uma clientela disposta a pagar mais por uma cachacinha mais redonda, que ganhou fama Grã-Bretanha afora.

A partir daí a historia já é bem conhecida. Embora haja sigle maltes (whiskies produzidos a partir de um único malte) interessantes no mercado, os blended whiskies possuem lugar cativo nas prateleiras mais caras. Os blended são whiskies produzidos pela mistura de diferentes maltes, representando sabores e aromas diversos como cítricos, silvestres, florais e até fumaça, derivada da fermentação utilizando os tartufos que são fungos característicos das Highlander, tradicional região na Escócia, produtora dos melhores whiskies. Isso é mais uma prova de que ser puro não significa necessariamente ser melhor!

Combinação perfeita de maltes, originando os

melhores e mais caros whiskies do mundo.

Mas por que estou falando isso em um blog destinado a tratar das melhores práticas da gestão de projetos e portfólios? É porque eu percebi que se a mistura de raças, credos, culturas, tipos físicos, perfumes, chás e até bebidas, pode ser considerada benéfica para tantas coisas, por que não tentar também uma boa mistura de conceitos, métodos e práticas também na gestão de projetos?

Tenho visto frequentemente discussões acirradas sobre quem é melhor, o agile ou o waterfall? Na minha opinião se você acha que o waterfall e as metodologias fundamentadas nas melhores práticas do PMI são melhores e insubstituíveis, ou vice-versa, que o Agile é quem de fato resolve todos os problemas, de qualquer forma você está errado.

Imagem de Ferramentas

Assumir qualquer uma dessas afirmações é tentar se convencer de que todos os projetos são iguais. É assumir que uma metodologia única, derivada exclusivamente de um desses lados, irá atender a todo o portfólio. Na prática, como mencionei em meu artigo “Agile ou Waterfall, qual o melhor?” há uma diversidade muito grande de projetos, mesmo em uma organização pequena. Não são os projetos que devem ser adaptar às metodologias, mas sim o contrário. A estrutura organizacional e o PMO devem se preocupar em formatar metodologias flexíveis para atender a todos os tipos, portes e necessidades dos projetos.

O fato é que existem práticas, tanto no waterfall quanto no Agile que, quando combinadas adequadamente, produzem excelentes resultados para qualquer tipo de projeto. Mas elas não atendem a TODAS as necessidades. Se eu dissesse isso estaria caindo no lugar comum dos defensores das metodologias puras. Como já disse várias vezes nesse artigo, ser puro não significa necessariamente ser melhor. Existem zonas cinzentas que precisam ser preenchidas com práticas escolhidas a dedo para atender melhor à cada necessidade. Portanto um bom método deve possuir um conjunto de práticas comuns, que atendam a todos os projetos de uma determinada organização ou pelo menos de um portfólio específico, e um menu de práticas que possam ser utilizadas sob demanda, dependendo da necessidade.

Quebra cabeça

O problema é como promover a melhor mistura de práticas que possa proporcionar os melhores resultados? E como aceitar que essa mistura pode funcionar bem para um projeto e não necessariamente para os demais. Aqui deve entrar a experiência do profissional e a velha e boa tentativa e erro. Mas claro, desde que você erre pouco e corrija rápido. Com certeza o jovem Johnnie Walker do início do século 19 não acertou de primeira a sua mistura que tornaria seu Whisky conhecido no mundo inteiro.

Uma possível solução

Conheça o PM Mind Map®! O modelo visual de gerenciamento de projetos que consolida as melhores e mais comuns práticas derivadas do Waterfall ou Agile. Você não precisa reinventar a roda, mas tem todas a liberdade de acrescentar os detalhes necessários para o seu projeto.

PM Mind Map

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E você, como tem utilizado as melhores práticas em seus projetos? Você é adepto exclusivamente de práticas waterfall ou agile? Ou já conseguiu estabelecer uma composição que atenda melhore os seus projetos?

Deixe seu comentário no espaço abaixo e compartilhe com a gente suas experiências, para levarmos esse assunto para um número maior de colegas.

Bons Projetos!

Paulo Mei

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