Uma WBS bem elaborada através de técnicas simples, porém aprimoradas, pode ser a chave para seu projeto com escopo definido.
Esse tema já vem sendo comentado há anos pelos mais diferentes especialistas e esmiuçada através das mais variadas formas. Apesar de parecer um assunto batido, ainda parece ser desconhecido por muitos profissionais de gerenciamento de projetos, iniciantes ou especialistas.
A gestão de projetos vem avançando bastante e muitos temas alcançaram patamares elevados de entendimento e aplicação. Mas alguns, tão básicos como uma WBS, ainda carecem em alguns casos de um aprofundamento.
Vamos então juntar opiniões, sugestões e experiências para aplicar de forma descomplicada as melhores técnicas na confecção de uma WBS. Com isso proporcionaremos uma melhor compreensão do escopo para contribuir com o sucesso dos projetos.
Em meu artigo Gestão de Escopo me referi à WBS como a ferramenta mais importante da gestão de escopo. A tradução de WBS ou Work breakdown Structure para português é EAP ou Estrutura Analítica do Projeto. No entanto, em minha opinião essa tradução não expressa a amplitude desta ferramenta.
Através de uma WBS bem definida é possível estruturar e comunicar adequadamente todo o escopo do produto e do projeto.
Segundo o Guia PMBOK® a WBS é a representação gráfica do escopo do produto e do projeto, subdivididos em entregas menores e mais gerenciáveis. Seguir essa definição é importante para manter o nível adequado de informação e a utilidade da ferramenta para o gerenciamento.
A subdivisão do projeto em entregas vai até o nível de pacote de trabalho. A subdivisão do pacote de trabalho não é mais em entregas menores, mas sim em atividades, conectando-se ao cronograma.
Portanto, para ser eficiente e útil uma WBS deve conter tudo o que é preciso para o entendimento do escopo, sem deixar de ser simples. A subdivisão do escopo tem que produzir entregas MENORES e MAIS GERENCIÁVEIS.
Há um entendimento comum que se está na WBS faz parte do projeto, caso contrário é exclusão de escopo. Isso é verdade, desde que a estrutura contenha, mesmo que resumidamente, TUDO o que o projeto precisa que seja feito. Ela deve representar tudo o que vai ser entregue na forma de produto ou serviço.
Portanto é importante que a WBS consiga representar as partes que irão compor a entrega final do projeto. É o escopo do produto. Mas também tudo o que precise ser feito para sua conclusão e será entregue de alguma forma. É o escopo do projeto.
No entanto, uma das entregas mais esquecidas, mesmo por especialistas, na hora de estruturar uma WBS é a própria gestão de projetos. Termo de Abertura, Plano do Projeto, relatórios de status, atas de aceitação, aprovações de mudanças, são entregas da gestão do projeto. Junto com o termo de encerramento e outros documentos da finalização compõe as entregas absolutamente necessárias para uma boa gestão do projeto.
A inclusão da gestão do projeto na WBS proporciona ainda a visibilidade e inclusão dessas atividades em outras áreas que poderiam ser esquecidos. Desta forma, para prover todas essas entregas de gestão são necessários recursos, tempo, despesas etc. A visão dessas entregas faz com que as tarefas e recursos sejam planejados, assim como seus respectivos custos.
Na prática o que acontece na maioria das vezes é que tudo isso é negligenciado. Tanto as atividades, quanto a alocação de recursos e apontamento dos custos para o gerenciamento são simplesmente esquecidos. Desta forma, o resultado do projeto fica comprometido pela falta destas atividades nas estimativas do projeto.
O método apresentado pelo PMI para quebrar o projeto em entregas menores é a decomposição. Além da subdivisão do escopo há também modelos que proporcionam melhores resultados, facilitando o entendimento do projeto e a gestão.
Os modelos mais conhecidos para o desenho da WBS são por entrega, por fase e por equipe:
O modelo mais comum é a WBS por entrega. Nela cada uma das caixinhas representa uma parte do produto e do esforço para sua execução. Mas todos os modelos podem ser aplicados conforme o tipo do projeto e as necessidades de gerenciamento.
Uma das principais características, e normalmente razão de muitos erros, é que a WBS não é um fluxo. Os relacionamentos entre as entregas representam apenas as subdivisões e não (necessariamente) a sequência de execução.
Outra característica importante é o fato dela ser atemporal. Ou seja, não representa o tempo do projeto, deixando essa função e o sequenciamento da execução para o cronograma.
Ainda que um dos modelos represente a separação das entregas por fases, a característica principal é a divisão do trabalho e não a sequência propriamente dita.
O modelo de WBS por equipe, embora menos comum, pode ser aplicado em algumas situações mais específicas, onde o direcionamento das entregas deve ser feito para grupos distintos, tendo cada um com suas respectivas responsabilidades.
Independente do modelo adotado, a gestão do projeto deve estar sempre presente para garantir que suas entregas sejam compreendidas, calculadas e medidas quanto à sua eficiência.
Um conceito bastante conhecido nos meios de gerenciamento de projetos é a Regra 8 ou 80. Ela define que cada pacote de trabalho deve consumir entre 8 horas e 80 horas para ser produzido. No entanto, essa regra pode ser genérica demais. Essa relação, na verdade, depende muito do tipo de projeto, das características do produto e da duração do cronograma.
O uso do bom senso é sempre a melhor regra, lembrando que você terá que gerenciar tudo isso depois.
Uma boa prática é utilizar um importante conceito Ágil, formatando pacotes de trabalho que caibam entre os pontos de medição. Assim, cada pacote de trabalho se pareceria com uma sprint, com entregas coerentes com a duração total do projeto.
Ou seja, para um projeto de seis meses a um ano com necessidade de medição e comunicação do andamento semanal. Nesse caso o melhor é quebra a WBS em pacotes que demandem no máximo 40 horas. Para projetos mais longos e com medição e comunicação mensal, os pacotes podem ter 80 horas ou até mais. Já para os projetos muito pequenos é possível trabalhar com pacotes menores, dede que não comprometam a gestão.
O ideal é ajustar o tamanho dos pacotes aos períodos de análise do andamento do projeto. A subdivisão deve ser feita de tal forma que eles sejam iniciados e terminados dentro de um mesmo período. Assim, é possível ter medidas melhores e evitar que os indicadores de desempenho e estimativas de término sejam apenas chutes.
Projetos muito complexos e com muitas entregas normalmente são subdivididos por fases. Neste caso é aconselhável tornar cada fase um projeto independente dentro de um programa, facilitando a gestão e o controle.
Há várias sugestões sobre como desenvolver uma WBS que podem ser encontrados facilmente em livros e blogs. Todos as sugestões podem ser úteis na hora de quebrar o projeto em entregas menores e mais gerenciáveis. Mas a minha dica adicional deve sempre estar presenta não apenas na WBS, mas em toda boa gestão de projeto. Estou me referindo à simplicidade. Como mencionei no meu post Gestão de Escopo, foi comprovado por estudos científicos que nosso cérebro é limitado e só consegue lidar com quatro ou cinco coisas simultaneamente. Assim, de nada adianta uma WBS muito detalhada, com várias entregas simultâneas, se isso dificultar o monitoramento e controle.
Mantenha apenas as divisões necessárias. Cinco entregas principais de produto mais uma de gestão são suficientes para a maioria dos projetos. Decomponha cada uma destas entregas principais em no máximo três ou quatro pacotes de trabalho e pronto, todo seu projeto estará coberto.
Baixe um modelo padrão de WBS para ser preenchido com post its.
Espero que você já esteja convencido da importância de uma WBS para a boa gestão de projetos. Ela é um excelente complemento à declaração de escopo, acrescentando um componente visual aos registros em textos.
Que tipo de estrutura mais se adapta aos seus projetos, por entregas por fases, e por equipes?
Deixe seu comentário e compartilhe com a gente suas experiências com essa importante ferramenta da gestão de escopo de projeto.
Artigo publicado originalmente em 03 de setembro de 2017
Bons Projetos e bons negócios.
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