Economia Criativa: Visão de projeto para melhorar os resultados

Tintas e Pincéis
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Técnicas simples e consagradas podem muito bem unir economia criativa e a gestão de projetos, visando não apenas a produção cultural. Assim é possível alcançar também toda gama de empreendimentos de áreas criativas, gerando valor para a população em geral e benefícios em forma de retorno para os investidores.

Aviso do Podcast

O que é Economia Criativa?

Embora haja várias definições, pode-se dizer que economia criativa abrange diferentes setores que utilizam a criatividade como insumo básico. A indústria criativa engloba mercados tão diversos como a propaganda, arquitetura, arte e antiguidade, artesanato, design, moda, filme e vídeo, software de lazer, música, espetáculos, edição, rádio e TV. Dependendo do país ou região, pode abranger também turismo, gastronomia, folclore, joalheria e muitos outros ligados à cultura e à economia local.

Palhaço

A Economia Criativa avalia os bens e serviços produzidos pelas industrias criativas por vários aspectos. Por exemplo, pelo valor gerado para as próprias empresas, pelos impactos em outros setores e processos e pelo resultado das respectivas conexões. Assim, na economia criativa a indústria e os serviços se fundem ao contexto social, criando valores intangíveis. Esses valores vão desde um simples cosmético natural utilizando uma cultura local, até uma marca que possa representar um país.

Nesse contexto entram também as cidades e espaços criativos, visando entre por exemplo:

  • A redução de desigualdades sociais e combate à violência, atraindo investimentos e propiciando o desenvolvimento de talentos em áreas degradadas.
  • A promoção de espaços delimitados como por exemplo o Distrito Cultural do Vinho, na França. No Brasil, a embrionária Rota da Cachaça de Minas Gerais, guardadas as proporções, é claro.
  • Transformação de cidades em polos criativos mundiais, unindo políticas de turismo e de trabalho.
  • Reestruturação socioeconômica e do desenho urbano, respeitando as especificidades locais, como por exemplo a FLIP, Feira Literária de Paraty.

Economia Criativa e Estratégia

É muito importante enxergar todas as iniciativas de forma estruturada, através de um olhar estratégico visando o desenvolvimento. Além disso, é preciso reconhecer e valorizar o uso do capital humano na economia criativa. Não apenas como instrumento para solução de problemas sociais, mas também como gerador de mudanças econômicas. Com isso é possível abrir um leque de oportunidades baseadas em empreendimentos criativos.

Em meu artigo “Gestão de projetos – Como descomplicar para obter melhores resultados” eu lembrei que é preciso pensar globalmente em projetos que possam aproveitar os profissionais que ficarão de fora da nova indústria 4.0.

Imagem representando a estratégia que deve haver por trás dos investimentos na economia criativa

Ana Carla Fonseca organizou o livro “Economia Criativa Como Estratégia de Desenvolvimento”, demonstrando como o trabalho e o empreendedorismo na economia criativa contribuíram para o desenvolvimentos de alguns países na África, América Latina e Ásia.

O livro foi produzido pelo Instituto Itaú Cultural em 2008. No entanto, seu conteúdo até hoje continua atualíssimo e, por incrível que pareça, pouco explorado. Mesmo considerando vertentes desse tema como Cidades Criativas ou Indústrias Criativas, o tema ainda é uma exceção em todas as iniciativas públicas ou privadas.




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Criar não significa necessariamente gerar algo novo. Ou seja, pode ser também reinventar ou unir coisas diferentes para solucionar tanto os novos problemas quanto resolver as velhas necessidades. O mais interessante é que, ao contrário da economia tradicional movida pela concorrência, na economia criativa a existência de muitos agentes não parece ser um problema, mas sim um estímulo aos novos produtores.

Essas características fazem da economia criativa mais do que uma oportunidade, também um caminho seguro. Assim, com ela é possível resolver importantes problemas sociais. Como resultado é possível resgatar o cidadão e inclui-lo no contexto social e econômico. Isso tudo aproveitando a sua própria formação, cultura e raízes.

Economia Criativa no Brasil e no Mundo

Quando aproveitada corretamente, observando os critérios de retorno do investimento, a economia criativa promove o crescimento econômico. Mesmo que visando prioritariamente o bem estar social.

Home com cabeça de lâmpada e moedas

Segundo o ministério da cultura, as atividades classificadas como criativas respondem por 2,6% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso representa aproximadamente 40 bilhões de dólares, sendo um dos dez setores com maior atividade econômica no país. Além disso, é responsável por gerar mais de 1 milhão de empregos diretos e mais de R$10 bilhões anuais em impostos. O mais notável é que ela deve crescer a uma taxa média anual de 4,6% nos próximos anos, Ou seja, um aumento bastante significativo, dada a estagnação que muitos setores da economia enfrentam.

Na economia global a expectativa é que o setor deve movimentar 2,3 trilhões de dólares até 2021 com exportações equivalentes a 6% do PIB mundial.

Com esses números, muitos investimentos devem ser atraídos para esse setor. Assim, irá demandar profissionais qualificados e técnicas específicas de gestão para lidar com esse tipo de projeto.

Várias iniciativas estão sendo tomadas no mundo todo. Como resultado, grandes investimentos governamentais estão sendo realizados visando o desenvolvimento desse setor e a consequente geração de emprego e renda.

No Brasil, embora boa parte das atividades da economia criativa aconteça na iniciativa privada, os investimentos públicos são muito representativos. Entretanto os constantes cortes de verbas vem deixando o setor preocupado. Segundo Sérgio Alexandre, sócio da consultoria PwC, em entrevista concedida à Revista Exame, a má gestão e o excesso de burocracia, além da falta de um plano de continuidade são os principais problemas do setor no que diz respeito aos investimentos públicos. Em meu post “Onde estão os projetos de nossa política pública?”, eu questiono justamente a falta de profissionalismo e visão de projeto nas diferentes instâncias governamentais.

Economia Criativa e Projetos

Uma das principais ferramentas do governo brasileiro ligada à economia criativa é a Lei Rouanet, para fomento à cultura. Porém ela vem sendo questionada quanto aos critérios de arrecadação e aprovação de projetos. Um dos problemas é a falta de medição quanto a esses investimentos. Há poucos dados oficiais sobre os projetos ao longo de quase 3 décadas de vigência da lei. Um estudo conduzido pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com o Ministério da Cultura chegou à conclusão que a Lei Rouanet vem sendo benéfica, gerando em média R$1,59 na economia local para cada R$1,00 captado através da renúncia de impostos.

Do ponto de vista social esse retorno parece ser bem expressivo. No entanto, do ponto de vista do empreendimento ou retorno do investimento está muito longe de ser economicamente viável. Em um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), foi constatado que os brasileiros pagam o equivalente a 33,4% em taxas e impostos sobre tudo que é gerado na economia. Levando em consideração esse percentual, a geração de R$1,59 pelos projetos executados via Lei Rouanet geraram impostos de R$0,53. Ou seja, para cada R$1,00 que o governo deixou de arrecadar via mecanismos de renuncia fiscal, obteve um retorno de apenas R$0,53 em novos impostos. Isso sem considerar o custo financeiro devido ao tempo entre o investimento e o retorno.

Visão de projeto para melhorar os resultados

É preciso repensar a forma de arrecadação e distribuição de verbas. Assim, um cuidado especial com a avaliação dos projetos se faz necessária para a formação de um portfólio equilibrado, para que além de promover o bem social o governo obtenha o retorno apropriado do investimento, visando a sustentabilidade econômica desses empreendimentos, como expliquei em meu post “Como incluir a sustentabilidade nos projetos”. Com isso é possível ter poder econômico para investir cada vez mais. Exatamente como qualquer empresa que avalia o retorno de um projeto antes de sua aprovação, além de outros benefícios esperados.

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Bons Projetos!

Paulo Mei

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